SINAIS SUTIS de que o ÁLCOOL está DOMINANDO sua rotina (mesmo sem perceber)
DESPERTAR
Rafa Pessato
3/10/2025
A taça de vinho ao anoitecer, a cerveja gelada para aliviar o calor, o drink comemorativo que não pode faltar no happy hour. Pequenos gestos, repetidos dia após dia, tornam-se uma trilha silenciosa que pode levar a um labirinto sem saída. Quando foi que o álcool deixou de ser uma escolha e começou a ditar o ritmo da sua vida?
Nietzsche nos lembra que “tudo que é feito por amor está além do bem e do mal”, mas e quando esse amor é por uma substância que nos prende? O álcool não chega com correntes visíveis. Ele se insinua nos momentos de descanso, nos convites sociais, nas recompensas após um dia difícil. E, pouco a pouco, ele se instala.
Este artigo é um convite à reflexão. Não para demonizar o álcool, mas para enxergá-lo com olhos atentos. A liberdade verdadeira está no poder de escolha, e escolher significa estar consciente.
O ÁLCOOL ESTÁ SEMPRE PRESENTE NOS SEUS MOMENTOS DE LAZER
Você se vê planejando o fim de semana e automaticamente inclui bebidas no roteiro? O álcool passou a ser um componente essencial do prazer? Muitas vezes, ele se torna o pano de fundo de encontros, festas e até momentos de relaxamento solitário. O problema surge quando a ideia de se divertir sem beber parece impensável.
Experimente inverter o jogo. Planeje um encontro sem álcool e observe suas reações. Se houver inquietação, frustração ou sensação de que falta algo essencial, talvez seja um sinal de que o álcool já tomou um espaço maior do que deveria.
O PRIMEIRO PENSAMENTO APÓS UM DIA DIFÍCIL É BEBER
O estresse é um dos maiores gatilhos para o consumo de álcool. Depois de um dia pesado, a primeira coisa que vem à mente é “eu mereço um drink”? Isso pode indicar que seu cérebro está associando automaticamente o álcool ao alívio emocional.
A neurociência já provou que o álcool age diretamente no sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina e dando a sensação de prazer e relaxamento imediato. Mas isso vem com um preço: no dia seguinte, o estresse continua lá, às vezes ainda maior. O filósofo estoico Sêneca dizia: “O que foi adquirido com facilidade, com a mesma facilidade se perde”. O alívio passageiro do álcool nunca será a solução real para o peso da vida.
VOCÊ BEBE MAIS DO QUE PLANEJAVA
Você já prometeu a si mesmo que tomaria apenas uma taça, mas acabou bebendo a garrafa inteira? Esse é um dos sinais mais claros de que o álcool está no comando. A sensação de “só mais um” é uma armadilha neurológica: quanto mais bebemos, mais difícil se torna parar.
Esse comportamento se explica pelo mecanismo de tolerância. O corpo se adapta ao álcool e precisa de quantidades maiores para alcançar o mesmo efeito. Como um barco à deriva, o controle se perde. E quando percebemos, estamos navegando sem rumo.
A BEBIDA COMEÇOU A FAZER PARTE DA SUA IDENTIDADE
Seus amigos e familiares já fazem piadas como “você nunca recusa um drink” ou “nem te reconheço sem uma cerveja na mão”? O álcool pode ter se tornado uma característica sua sem que você percebesse.
Aristóteles dizia que “somos aquilo que fazemos repetidamente”. Se sua rotina gira em torno do consumo de álcool, talvez seja hora de se perguntar: quem sou eu sem ele?
SEU SONO E HUMOR ESTÃO DIFERENTES
O álcool parece ajudar a dormir, mas, na verdade, prejudica a qualidade do sono. Acordar cansado, com a mente turva e oscilações de humor pode ser um sinal de que seu corpo está lutando contra os efeitos do consumo frequente.
A relação entre álcool e saúde mental também é complexa. Muitos bebem para aliviar a ansiedade, mas, com o tempo, o álcool agrava os sintomas. O círculo vicioso se fecha e a sobriedade se torna cada vez mais difícil.
VOCÊ SE JUSTIFICA COM FREQUÊNCIA
“Eu bebo, mas não sou alcoólatra.” “Todo mundo bebe.” “Só bebo socialmente.” Se você sente a necessidade de justificar seu consumo, talvez já tenha percebido algo que sua mente ainda tenta negar.
Jean-Paul Sartre falava sobre a má-fé, o autoengano que nos impede de enxergar a verdade sobre nós mesmos. Quando buscamos desculpas para algo, é porque, no fundo, sabemos que há um problema.
O DESPERTAR: PARA ONDE IR A PARTIR DAQUI?
Se você se identificou com alguns desses sinais, não precisa entrar em pânico. O primeiro passo para a mudança é a consciência. A sobriedade não precisa ser um compromisso radical e definitivo (a menos que você queira). Mas ela pode ser uma experiência transformadora.
Experimente períodos sem álcool. Observe como seu corpo e sua mente reagem. Busque alternativas para lidar com o estresse e o lazer sem precisar da bebida. A verdadeira liberdade está em poder escolher — e para isso, é preciso retomar o controle.
Como disse Viktor Frankl, “entre o estímulo e a resposta, há um espaço. Nesse espaço está nosso poder de escolher nossa resposta. E nessa resposta está nosso crescimento e nossa liberdade.”
O álcool não precisa ser o protagonista da sua vida. Talvez seja hora de devolver a ele o papel de coadjuvante — ou, quem sabe, tirá-lo completamente do roteiro.