SOBER CURIOUS: Será que essa moda pega? Por que cada vez mais gente está dizendo “NÃO” AO ÁLCOOL

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Rafa Pessato

5/11/2025

BEBER OU NÃO BEBER: EIS A QUESTÃO DO NOVO NORMAL

Por muito tempo, beber foi quase um ritual obrigatório. Em festas, encontros ou até para relaxar após um longo dia, o álcool parecia a solução mágica para socializar e aliviar as tensões. Mas, recentemente, algo curioso começou a acontecer: muita gente está dizendo “não” ao álcool — e sem medo de parecer chata, antissocial ou “diferente”.

Mas o que está por trás dessa mudança? Por que beber deixou de ser natural para tanta gente? Se você é alcoolista em recuperação ou convive com alguém que enfrenta essa batalha, já deve ter percebido que a ideia de não beber está ganhando força — e não é por imposição médica, mas por escolha. Vamos entender por que cada vez mais pessoas estão virando a chave e redescobrindo a vida sóbrias.

DE NATURAL A QUESTIONÁVEL: COMO O ÁLCOOL PERDEU O BRILHO

Durante décadas, o álcool foi glamourizado. Filmes, propagandas e até reuniões familiares reforçavam a ideia de que beber era não só normal, mas essencial para se divertir. Quem se recusava a brindar era visto como “estraga-prazeres”. Mas, como tudo na vida, essa percepção começou a mudar.

Nos últimos anos, movimentos como o sober curious e a sobriedade consciente passaram a questionar essa “naturalidade” toda. Por que precisamos de álcool para celebrar, relaxar ou simplesmente existir em grupo? O que antes parecia inquestionável agora se tornou um tema de reflexão profunda.

Para alcoolistas e codependentes, ver esse debate surgir é quase um alívio. Afinal, por muito tempo a sobriedade foi vista como algo difícil e isolador. Hoje, ao contrário, ela é uma escolha moderna e consciente, abraçada por muitos que querem viver mais presentes e autênticos.

SOBER CURIOUS: UM NOVO OLHAR SOBRE A RELAÇÃO COM O ÁLCOOL

O movimento sober curious não prega a abstinência total, mas convida as pessoas a se perguntarem: “Será que eu realmente preciso beber para me divertir?”. Tudo começou com o livro de Ruby Warrington, que propôs uma experiência sem álcool para explorar como é a vida sem essa “muleta social”. A proposta é simples: não é sobre nunca mais beber, mas sobre dar um passo para trás e observar porque fazemos isso. Será que realmente gostamos da sensação ou apenas seguimos o fluxo social? Será que estamos bebendo por prazer ou para fugir de algo?

Para quem lida com a dependência, a ideia de experimentar períodos de sobriedade pode soar trivial — afinal, a batalha contra o álcool não é um simples experimento. No entanto, o movimento ajuda a quebrar o estigma, mostrando que viver sem álcool não é estranho ou antiquado. É, na verdade, uma tendência crescente entre aqueles que querem ser mais conscientes sobre si mesmos.

SOBRIEDADE CONSCIENTE: ESCOLHENDO A LUCIDEZ

Enquanto o sober curious explora a curiosidade de viver sem álcool, a sobriedade consciente é um compromisso mais profundo. Não é apenas sobre parar de beber, mas sobre construir uma vida que não dependa do álcool para ser completa.

É aqui que muitos alcoolistas encontram um ponto de identificação: a ideia de não querer mais que o álcool controle sua rotina, seus relacionamentos ou suas emoções. Para os codependentes, a sobriedade consciente também representa uma libertação. Afinal, parar de tentar controlar o outro e começar a cuidar de si é um passo essencial rumo à autonomia.

Esse movimento propõe uma mudança de mentalidade: sair do piloto automático e tomar decisões intencionais. É sobre viver a vida com mais clareza, honestidade e — acima de tudo — liberdade.

POR QUE BEBER ESTÁ DEIXANDO DE SER COOL?

A pandemia foi um grande divisor de águas. Trancados em casa, muitos aumentaram o consumo de álcool para lidar com o tédio, a ansiedade e o isolamento. Quando o mundo começou a se abrir novamente, algumas pessoas se deram conta de que estavam presas a um hábito nada saudável.

Além disso, a cultura do autocuidado ganhou força. Cuidar da saúde física e mental deixou de ser uma moda passageira e se tornou um estilo de vida. Dentro desse contexto, o álcool começou a parecer uma escolha contraditória — como querer ser saudável enquanto se consome algo que sabidamente faz mal.

As redes sociais também tiveram um papel fundamental. Comunidades que celebram a sobriedade cresceram, mostrando que é possível viver plenamente sem álcool — e que isso pode ser, sim, muito divertido e leve.

O MÉTODO CER E A SOBRIEDADE CONSCIENTE: DESPERTANDO PARA ESCOLHAS REAIS

O método CER (Ciclo Essencial de Realização), que criei ao longo da construção da minha sobriedade, propõe uma Reflexão Integral, um convite para olhar com profundidade para hábitos que tomamos como “naturais”. Para alcoolistas e codependentes, essa reflexão é essencial.

Por que consideramos beber algo automático? Estamos seguindo uma tradição social ou realmente escolhemos esse caminho? Ao entender os motivos por trás do hábito, fica mais fácil ressignificá-lo e encontrar novas formas de lidar com as emoções e os desafios da vida.

Essa reflexão também ajuda a romper com a ideia de que quem não bebe é “careta” ou “fraco”. Na verdade, é preciso muita força para questionar padrões e criar novas narrativas pessoais.

QUEBRANDO PADRÕES E CONSTRUINDO NOVAS HISTÓRIAS

Para os alcoolistas em recuperação, essa nova onda de sobriedade consciente traz esperança. Não se trata apenas de lutar contra um vício, mas de reconstruir a vida com escolhas genuínas e intencionais. Para os codependentes, é um convite para parar de viver em função do outro e focar no próprio crescimento.

Dizer “não” ao álcool não significa dizer “não” à alegria ou à convivência. Significa dizer “sim” a si mesmo, às suas emoções e ao desejo de viver plenamente, sem filtros ou fugas.

VIVER DE CARA LIMPA É POSSÍVEL — E LIBERTADOR!

Cada vez mais pessoas estão descobrindo que viver sem álcool não é um castigo, mas um resgate de si mesmas. A sobriedade consciente e o movimento sober curious mostram que é possível quebrar o ciclo de dependência e construir novas formas de existir, com mais presença e verdade.

Então, se você está nesse processo, lembre-se: você não está sozinho. A mudança está acontecendo, e viver sóbrio está deixando de ser exceção para se tornar uma escolha consciente — e, por que não, revolucionária.