NEM TODO MUNDO QUE BEBE É ALCOOLISTA – MAS E SE VOCÊ FOR?
DESPERTAR
Rafa Pessato
3/24/2025
Você já ouviu aquela frase: “Nem todo mundo que bebe é alcoolista”?
Ela é 100% verdadeira.
Mas sabe qual também é?
“Todo alcoolista já usou essa frase para negar o próprio problema.”
Muita gente consegue beber socialmente, abrir uma garrafa de vinho num jantar e deixá-la pela metade, tomar uma cerveja no sábado e esquecer que ela existe no domingo. Mas… nem todo mundo é assim.
Se você está lendo este texto, pode ser que, no fundo, já tenha se perguntado: “Será que eu sou alcoolista?”
E aí bate o impulso automático de responder:
• “Eu só bebo no fim de semana.”
• “Nunca perdi o emprego por causa da bebida.”
• “Pelo menos eu não bebo de manhã.”
• “Todo mundo bebe, por que eu não posso?”
• “Se eu quisesse, eu parava.”
Mas e se, ao invés de tentar provar que você não é alcoolista, você parasse por um segundo para refletir:
E se eu for?
Quanto mais cedo você encarar essa possibilidade, maiores são as suas chances de se recuperar sem precisar bater no fundo do poço. Porque o alcoolismo não é um hábito ruim ou uma falta de força de vontade – ele é uma doença crônica, progressiva e fatal, se não for tratada.
O ROTEIRO DO ALCOOLISMO – ONDE VOCÊ ESTÁ?
O alcoolismo não aparece da noite para o dia. Ele é sorrateiro. No começo, tudo parece estar sob controle. Mas, pouco a pouco, a bebida deixa de ser algo opcional e começa a se tornar um pilar invisível na sua vida.
Vamos falar de três fases que muitas pessoas passam antes de admitir o alcoolismo. Veja se alguma delas soa familiar.
1. A Fase das Desculpas – “Eu bebo como todo mundo.”
No início, o álcool é diversão. Você bebe porque gosta, porque está com os amigos, porque faz parte do momento. O problema? Você já sente um certo desconforto quando alguém sugere um programa sem bebida.
E aí começam as justificativas:
• “Não tem graça sair sem beber.”
• “Mas eu nunca perdi o controle.”
• “Eu só bebo de boa, não sou desses que dão vexame.”
Aqui, você ainda acredita que bebe porque quer, não porque precisa.
2. A Fase do Controle – “Eu poderia parar, se eu quisesse.”
Essa fase é traiçoeira. Você começa a se preocupar um pouco com a frequência que está bebendo e resolve “fazer um teste” para provar que está no comando.
Talvez você passe uns dias sem beber, e isso te dá uma sensação de controle. Mas quando volta, bebe em dobro, como se estivesse compensando. Ou então começa a criar regras para si mesmo:
• “Só vou beber no fim de semana.”
• “Nada de destilado, só cerveja.”
• “Hoje eu bebo, amanhã dou um tempo.”
E aí a pergunta é: se você tem tanto controle assim, por que precisa de tantas regras?
3. A Fase do Medo Silencioso – “Talvez eu não tenha tanto controle assim.”
Essa é a fase em que a ficha começa a cair, mas você não quer olhar para isso de frente. O álcool já não é só diversão, já não é só parte da rotina. Agora ele virou um alívio, um refúgio, um escape.
Você já sentiu que:
• O álcool te acalma quando você está ansioso ou triste?
• Você bebe mais do que planejava e se arrepende depois?
• Já tentou parar e percebeu que não foi tão fácil quanto imaginava?
• Sente que o álcool já ocupou um espaço maior do que deveria na sua vida?
Se você respondeu sim a alguma dessas perguntas, talvez seja a hora de parar de buscar desculpas e começar a encarar a realidade.
E, olha, isso não significa fracasso. Significa que você está despertando.
ALCOOLISMO É DOENÇA – E QUANTO ANTES VOCÊ ADMITIR, MELHOR
O que muita gente não entende é que o alcoolismo não começa no fundo do poço. Ele não se resume àquele estereótipo da pessoa que já perdeu tudo. Ele é uma doença progressiva, e quanto antes for diagnosticado, melhor é o prognóstico.
Aqui está a parte difícil de aceitar:
• Se você já sente que não tem o mesmo controle de antes, o alcoolismo pode estar se desenvolvendo.
• Se você depende da bebida para relaxar ou se divertir, talvez já tenha ultrapassado a linha do consumo social.
• Se você já tentou parar e não conseguiu, pode ser um sinal de dependência.
O alcoolismo não precisa destruir sua vida para ser real. Quanto mais cedo você agir, menos sofrimento será necessário para mudar.
SE NÃO É UM PROBLEMA, POR QUE VOCÊ PENSA TANTO NISSO?
Aqui vai um pensamento desconfortável: pessoas que não têm problemas com bebida simplesmente não precisam justificar o próprio consumo.
Elas não se pegam pensando:
• “Será que eu sou alcoolista?”
• “Eu não bebo tanto assim, né?”
• “Vou tentar parar para provar que consigo.”
Se você já teve esses pensamentos, talvez sua relação com o álcool não seja tão inofensiva quanto você gosta de acreditar.
E não há vergonha nisso. O erro não está em perceber que algo está errado. O erro está em fingir que está tudo bem quando, no fundo, você sabe que não está.
O MEDO DE DESCOBRIR A VERDADE
Se admitir o alcoolismo fosse fácil, ninguém passaria anos inventando desculpas para continuar bebendo.
O problema é que aceitar que você tem um problema parece significar que você vai ter que parar para sempre.
E essa ideia assusta.
Você pensa:
• “E se eu nunca mais puder beber?”
• “Como vou sair com meus amigos?”
• “O que eu vou fazer nos momentos difíceis?”
Mas e se, ao invés de focar no que você acha que vai perder, você pensasse no que tem a ganhar?
O QUE EXISTE DEPOIS DA BEBIDA?
Se hoje você sente que não conseguiria viver sem o álcool, isso só prova o quanto ele já tomou conta da sua vida.
Agora, imagine que você consegue sair dessa. Imagine acordar sem ressaca, sem culpa, sem precisar lembrar o que fez na noite anterior. Imagine se sentir livre, sem precisar de bebida para aproveitar a vida.
Parece impossível?
Então saiba que milhares de pessoas já passaram pelo que você está passando agora. Pessoas que achavam que nunca conseguiriam parar. Que tinham medo de enfrentar a realidade. Mas que, quando finalmente deram o primeiro passo, perceberam que a vida sem álcool é muito maior do que imaginavam.
E AGORA, QUAL ESCOLHA VOCÊ VAI FAZER?
Se você chegou até aqui, talvez já tenha percebido que as desculpas que você usa para justificar seu consumo são as mesmas que todo alcoolista já usou um dia.
O alcoolismo é uma doença, mas há tratamento. Quanto antes você encarar isso, menos você vai precisar perder.
A pergunta que fica é:
Você quer continuar se enganando ou quer despertar para uma vida que pode ser muito maior do que isso?